04 julho 2011

Retrato dos Sonhos

É comum encontrarmos uma pessoa que julgamos conhecer, pela familiaridade dos traços físicos, pelo jeito e às vezes até pela voz. Quando esgotamos a pesquisa mental sem lembrarmos dela, deve ser vivência passada, ou a conhecemos num sonho, já que coincidências não existem.

Isto mesmo. Nos sonhos vivemos a vida integral, sem divisões de tempo e espaço, de modo que "ir a frente" ou "voltar" no que entendemos por tempo, é apenas uma operação mental e lá estamos: no "futuro", ou no "passado".

Algum tempo depois, quando o "tal futuro" chega, nos deparamos com aquela companhia de viagens noturnas bem a nossa frente, à luz do Sol, de pele, carne e osso e imediatamente somos tomados por uma sensação de intimidade.

No mundo dos loucos sonhadores tudo é possível e foi esta abençoada loucura que me fez encontrar, em várias dessas viagens, um anjo moreno, cuja imagem ficou de tal modo gravada em minha alma, que passou também há habitar meus dias, já que das minhas noites virou Rainha.

Com o passar do tempo, o que era um vulto, no primeiro sonho, foi recebendo contornos de beleza invulgar e cada vez ficando mais nítido, até transformar-se em clareza solar, divina e maravilhosa encarnação daqueles devaneios de então.

A imagem que resultou é uma homenagem à beleza; a Mona Lisa dos meus sonhos! Eis que pontuada, bordada e pincelada a cada viagem noturna, quando seu modelo espiritual era absorvido pela alma do então artista, que ia formatando sua tela a cada instante daqueles momentos de amor.

O retrato é real, mas o ser é irreal, ou será o contrário? Será mesmo que pode existir beleza tal? Ou os sonhos, de tão reais, acabaram por materializar essa imagem limite da beleza natural? As respostas, penso, virão no dia que o sonho se encontrar com a realidade e juntos passarem a dividir o mesmo espaço, o mesmo tempo, o mesmo agora.

Taddeu Vargas

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