23 setembro 2008

A prima do medo


Ela nasceu bem depois.
Nem tão forte, nem tão sábia,
Mas como ele, perigosa,
confusa e ardilosa.

A dúvida foi parida pelas filhas do medo,
personagem maior das desventuras humanas.
E delas tirou sua subsistência, para crescer
até virar causa das atitudes mais insanas.

O indivíduo mais centrado e seguro
sorri enquanto não topa com ela.
No entanto, assim que se cruzam,
com frequência o centro vira berbela.

Neste momento de profundas incertezas,
nem mesmo a voz do Mestre eu escuto.
Pois o silêncio de que necessito,
pela dúvida me é sonegado de modo absoluto.

14 setembro 2008

Noite de Sábado


Esta noite de sábado, até que eu me sentasse em frente ao teclado, ensaiava ser a mais deprimente de todas as que me lembro. No entanto, ao encerrar o título do texto que começava a escrever, vi que não estava sozinho.
Este Sujeito, que assumiu o formatador mental das frases que digito, sempre aparece nestas horas. Na verdade, Ele sempre está na área, todavia nem sempre percebo. Mas quando sento para escrever, paro por aí, o resto é Ele quem faz. Para sorte dos meus poucos e queridos leitores.
Agora estamos em três, pois o Charles Aznavour está cantando “She”.
Definitivamente não estou mais sozinho. Minha noite de sábado, antes candidata a mais solitária delas, foi invadida pela luz do Mestre e pela música gigante de Aznavour, transformando minha Kit(sem)net numa grande casa cheia.
Agora já posso dormir, pois meu coração comanda novamente minha vida. Bastou que eu reconhecesse junto de mim A Presença, para que a paz e a luz inundassem e preenchessem o espaço que seria ocupado pela solidão.