30 abril 2009

Noite de Eric Clapton


Hoje eu entendo porque não dançava quando tocavam músicas do Eric. Era uma espécie de respeito pela genialidade do maior músico vivo dos dias atuais. Eu arranjava uma desculpa e convidava a companheira de danceteria para beber alguma coisa. E da copa, ou da mesa, eu fechava os olhos e tentava absorver a combinação de sons vindos de diferentes pontos da sala, que se harmonizavam em seu efeito estereofônico, antes de chegar a meus ouvidos e tocar meu coração... embalar minha alma, com os acordes inequívocos da guitarra sagrada e me levar para muito longe, onde habitam os anjos compositores das maiores canções do Universo.
Acho que o Eric veio de lá, ou mora lá e as vezes se fantasia de gente, para aqui na terra tocar e cantar as músicas que ecoam pelo cosmos, habitado por seres mais evoluídos... gênios dotados de virtudes supremas; anjos da ribalta celestial, que encarnam como coadjuvantes nos shows terrenos do grande Mestre.
Santa véspera de feriado, que abre a janela para que eu ouça e veja a energia mágica do ser sutil vestido de homem, na forma de ondas sonoras e coloridas que invadem meu chão, iluminando e embalando a noite antes habitada pela saudade e a solidão.   


25 abril 2009

Rio Grande


Como é difícil viver sem ti meu querido Rio Grande. Muito por abrigares minha família, meus filhos, minha história...eu sei. Mas muito por ti, pelo teu jeito de ser, pela sintonia entre a gente. Até os sonhos, quanto o cenário é tu, são mais compreensíveis, mais amistosos, mais amigos.
Só saindo de ti para poder dimensionar o quanto te respeito e o tanto que te pertenço. Por isso não me perdôo tê-lo desabitado no teu dia, no vinte de setembro, registro histórico e eterno de nossa liberdade.
O que compensa essa distância é o orgulho com que ostento minha origem. Essa aura de boa procedência com a qual tu nos veste e pela qual somos identificados, quando estamos fora de casa, repara a ausência de chão no meu caminhar. Do teu chão.
Te confesso minha Pátria querida, que ainda não criei nenhum CTG, nem ando pela rua de bombachas e com um lenço vermelho abraçado em meu pescoço, mas minhas entranhas gaúchas nunca habitaram minha pele como agora, deixando explícito meu amor por ti.
Qualquer dia desses nos encontramos e aí matamos essa saudade que nos orienta, dá sentido à nossa relação e me fala de paixão, vínculo e lealdade.

19 abril 2009

O Primeiro Outono


O frio da noite gritou, devolvendo-me à rua que me trazia de volta ao apartamento, no centro da cidade que adotei. 
No meu devaneio eu andava pelas ruas do outono da minha Porto Alegre. Nisso elas se parecem muito. Nesta época do ano ficam frias ao anoitecer. 
O caminho que eu fazia não me levava às minhas lembranças e saudades, mas à cama da pousada onde vivo os meus sonhos de ontem.
No cenário daqueles sonhos habitavam meus amores; hoje muitos devaneios e outros sonhos invadem minha consciência, desenhando uma imagem de futuros tempos naquele lugar, talvez no outono da minha vida.
Este cenário não tem endereço, mas existe na quase materialidade da minha percepção ...e lá habita o amor. 

18 abril 2009

Mulher Menina


Quando a conheci, era uma mulher feita, madura, sensata ...cara de professora!
Passados uns meses, descobri uma jovem cheia de sonhos, com aura de energia iniciadora.
Agora, beneficiado pela presença quase cotidiana, fui surpreendido por uma criança sapeca e amorosa. Estas são ela! 
O prêmio que recebo pelo ingresso na maturidade dos dias meus.
Claro que tem defeitos. Me perdoem por não lembrar de nenhum no momento. Evidente que comete equívocos, um deles é me amar, por que Anjos deviam namorar Anjos!
Quando suas virtudes começaram a envelhecer alguns de meus paradigmas e oferecer novas visões sobre questões que eu descuidara, percebi os entalhes da artista redesenhando meu ser.
Talvez o compromisso cármico da lapidação em andamento explique a inocorrência de uma separação, que depois da obra acabada, então desocorrerá pelo novo formato dado ao beneficiado marujo.  
  

12 abril 2009

Escrevendo, chorando...



Agora, mesmo escrevendo, continuo chorando...

A Escolha


O espírito, do alto da lucidez que a Luz da dimensão outra lhe proporciona, observa o plano onde se dará o reencontro com a carne, e projeta seu querer, baseado no programa de crescimento que desenhou para si.
Quando aqui na terra, não lembra desse momento vital de escolha de seu destino, e vagueia pelos desacertos humanos até perder o rumo planilhado naquele momento de Luz vivido em seu corpo espiritual.
Para que esse ciclo seja rompido, as escolhas daqui devem se alinhar com as de lá, harmonizando os objetivos espirituais e humanos.
Esta é a grande questão.
Como as escolhas anteriores já estão postas, resta ao ser físico acertar nas decisões a serem tomadas em nosso mundo terreno, conduzindo sua vida de acordo com seu verdadeiro querer, e, assim, alcançar a felicidade.
Parece simples, mas não é.
Para recuperar aquela memória adormecida é necessário muita disciplina e autocontrole. O caminho coincide com a da busca da Luz, e passa longe do trilhado pela maioria dos seres físicos que habitam o planeta. E mesmo aqueles que estão despertando para essa realidade paralela, têm dificuldade para compreender com clareza os objetivos da vivência humana ora empreendida.
A não ser que a proposta aparentemente simples do Mestre, que nos induz a buscar diretamente a felicidade, pelo decreto claro e repetitivo, já traga imbutida a realização de todo nosso querer.
Essa parece ser a única escolha.
 

11 abril 2009

No Limiar da Mudança


Na madrugada veio o componente que faltava, para que a lucidez arrombasse as portas da escuridão instalada desde muito, e se fizesse a luz neste local incerto, de existência certa, onde mora a consciência.
Claro, não ficou tão iluminada assim, a ponto de desnudar todas as questões e dúvidas, como numa foto da suprema qualidade psíquica, mas mostrou um caminho a seguir.
Se é difícil fotografar nosso consciente, imagina seu misterioso irmão, o inconsciente, que como aquele gera consequências, todavia sem causas aparentes. E o objetivo do devaneio em questão - para fazer justiça ao nome do blog - não é evoluir um raciocínio na direção da física quântica, com especulações do formato real do binômio tempo/espaço, mas buscar uma maior clareza da relação entre nossos pensamentos e sentimentos e os fatos que nos afetam no dia-a-dia.
Quando se olha do ponto de vista humano, as coisas do espírito não ficam muito claras, e no caminho inverso, normalmente, a resistência do primeiro para com as variáveis do segundo impedem uma compreensão holística.
A aceitação de que os fatos que nossos sentidos percebem e gravam em nossa mente, têm suas verdades e origens de suas ocorrências em nosso coração, é o primeiro passo para entendermos nosso processo de vida.
Se for assim, podemos descriar os fatos que nos fazem sofrer, ou criar outros que nos façam sorrir. E tudo indica que é assim que funciona. Logo, existe apenas uma causa e um causador dos fatos do nosso viver. Dito assim parece simples. Já lemos isso em livros de auto-ajuda e até em alguns com caráter científico.
Ocorre que, apenas a compreensão do processo não altera o resultado. No entanto, a atitude, no pensar e sentir, de forma disciplinada e positiva na busca do que se quer, alinha desejo e mudança na mesma perspectiva, na direção da felicidade.
Foi assim no meio da noite, presentes desespero, sofrimento e escuridão, quando desceu a Luz, e no centro do clarão surgiu uma espécie de caixa de diálogo, com a frase mágica que, repetida até o sono chegar e carregar o espírito para o além, trouxe compreensão, alento, paz e felicidade.
taddeu vargas


10 abril 2009

Yesterday, when I was young...


"Yesterday, when I was young, I saw the world in the my feets. Today, with my white hairs, I see the world in line with my eyes."
O crescimento espiritual tem tudo de humano, por isso reencarnamos de modo sucessivo, numa espécie de lapidação da pedra bruta, até que a beleza e a luz própria do ser maiúsculo que somos, resplandeça de forma transparente e definitiva.
Quando jovem, via o mundo com olhos arrogantes e pretensiosos, como se tivesse nascido protagonista de um enredo chamado vida. Com o passar do tempo, as didáticas Leis do Universo, e o extrato positivo das minhas escolhas, em conjunto, foram talhando, lixando, polindo uma cara nova, um espírito em renovação... onde já se vê alguma luz.
É um processo humanamente doloroso, mas espiritualmente brilhante, onde a paciência dos envolvidos comanda o ritmo da mudança. A eternidade de ambos pavimenta a caminhada e dá sentido à vida.
Neste momento do meu caminho, como evolução desse processo, as leis da vida me colocaram ao lado de um ser humano lindo, um espírito iluminado que se tornou cúmplice e aliado na tarefa de, pacientemente, talhar o grotesco e inacabado que sou.
Para compreender esse processo, e evoluir, é necessário ir aos poucos desusando a roupa da carne, para vestir o ser de Luz que realmente somos, e a partir dessa visão e consciência alteradas, enxergarmo-nos alinhados com o Universo. 


07 abril 2009

Chorei


Esses dias chorei. Não foi a primeira vez, mas com tanto trabalho e envolvimento com questões "práticas", fica cada vez mais difícil achar tempo até para chorar.
E chorei por falta de escrever. É verdade! Tem testemunha!
Para quem está acostumado, escrever é uma necessidade. Martírio maior que criar uma coluna a cada dia, é ficar sem. Perguntem a um cronista.
Interessante, o mesmo tempo que faltou para chorar, não sobrou para escrever ...para meditar, para criar.
Será esse o caminho? Como viver sem escrever, sem criar, sem chorar?
De qualquer modo vemos que encontrei tempo para escrever o que vem e o que segue. Quem sabe aproveito esse final de domingo para chorar, criar, escrever e meditar, e amanhã escrevo sobre isso? Talvez assim eu lembre que vivi.
taddeu vargas