30 março 2011

Quem Eu Sou

De certa forma, este texto é um agradecimento aos meus filhos, na mesma medida em que traça o perfil de um ajuntador de palavras, que de cada filho juntou um pouco de rumo, para ir definindo sua trajetória pessoal.

Foi assim quando nasceu a primogênita destruidora de paradigmas, também conhecida por Tatacha. Sua chegada ao planeta coincidiu com a criação do primeiro PC. Ambos viriam para mudar conceitos e alterar irremediavelmente a vida de muitas pessoas.

Lembro de ter escrito uma vez que deveria ser obrigatório, a todos os candidatos a educadores de filhos, passarem por um treinamento com base na fascinante experiência de ser pai dessa leonina maravilhosa.

Depois, face a imensa generosidade de uma das Mulheres, com cuja companhia o Universo entendeu de me postar, tive a honra de ver meu nome batizar meu primeiro filho homem. Pela inteligência, postura e determinação do meu amado chara, "Marcos Tadeu" tem agora muito mais chance de se transformar em nome conhecido e reconhecido.

Nunca vou esquecer um telefonema de uma criança menina me chamando de pai. Não podia ser engano, pois, apesar da minha mente não registrar a paternidade exposta, meu coração gritava pelo reconhecimento imediato. Filha nascida da mais ardente, pura e linda paixão, Ana "Carolinda" veio escrever um capítulo novo e emocionante na vida deste aprendiz de cronista.

Todavia, tendo sido já tri-presenteado com seres tão maravilhosos, ainda assim os Deuses da vida entenderam que caberiam no meu coração de pai mais três figuras premiadas, e assim aportaram o Marujo Little John, o Grumete Macio e Fran, o Terrível.

O primeiro, veio em seu corpo de anjo; penso que não deu tempo de trocar a roupa, nem o jeito. Se ele entrar no céu ninguém vai notar a diferença. Também é conhecido por João, o Sereno!

O Macio resgatou muito do pai dele. Atento, opinativo, interesses na área de publicidade e jornalismo, encheu e enche meu coração de emoção quando fala desses assuntos com conhecimento e desenvoltura precoces.

Quando o Francisco nasceu, senti que o nome certo para aquilo que estava acontecendo não era bem mudança... 
na verdade, já antes do nascimento tudo indicava que sua vinda, ou retorno ao convívio familiar, carregava o viés da transformação. Paria, junto com o ser menino, um novo caminho...

Cada sagrado momento desta trajetória, rica e generosamente ornamentada por Deus, com tão lindos seres parceiros desta etapa de nossa eternidade, foi desenhando o perfil do tal ajuntador de palavras, que resultará no somatório das marcas deixadas por cada um deles, no projeto de pai que assina o presente.



Taddeu Vargas

29 março 2011

Relembranças


Escrevi esta crônica na terra onde nasci e passei minha infância e adolescência. Foi no natal de 2008. Eu tinha ido passar o Natal com familiares, que residem lá. O tom da escrita revela a emoção que as lembranças dessa querida cidade provocam em mim.

Ilha Natal

Vista da parte alta da cidade
Cada retorno à querida Santo Antônio da Patrulha é um mergulho num mar infestado das lembranças que mais mexem com meu coração. Nunca saio daqui como chego. Cada acontecimento da nova estada se encaixa em um equivalente de três, quatro décadas atrás, como num jogo de peças relacionadas.

As interpretações dos fatos e atitudes de então é que mudam, como se houvessem duas ou três histórias aqui vividas, por esse marujo que, na sede de singrar novos e desconhecidos mares, desoportunizou-se saborear os patrulhenses ares.

Essa fuga da ilha natal acabou comprometendo uma melhor compreensão das verdades atuais, mesmo as de fora daqui, por isso a importância do momento e desses dias vividos onde desfilaram minha infância e adolescência.

Ao sair, a bordo das novas verdades, ou de uma interpretação sepultadora das dúvidas atuais, ou mesmo ainda sem compreender direito mais esse momento, carrego comigo a energia de um local mágico, que me ajudará a seguir na direção do entendimento, até que a Luz definitiva marque o caminho.

TaVar

28 março 2011

Janelas


Bom dia! Você já abriu a janela de seu quarto hoje? A janela do quarto, normalmente, é nosso primeiro contato com o mundo exterior. Até para saber como está o tempo e como devemos nos vestir para sair à rua.

Mas não é apenas esta janela que abrimos durante o dia. Quando abrimos a agenda descortinamos nossos compromissos de trabalho e outras responsabilidades que esperam ações. A tela do computador é a janela que abre um mundo novo, quase sem limites, onde desfilam os componentes de um espaço virtual que, a cada dia que passa, ocupa mais horas do nosso dia.

Eu abri a janela de meu quarto às 5h58. O dia se preparava para começar. No mar já se notava o clarão do Sol a marcar a linha do horizonte, prestes a entrar em cena, inaugurando a atividade humana diária, o corre-corre, a frenética luta pela sobrevivência.

Há alguns anos eu descobri uma outra janela, que acabou por mudar muito a minha vida. Mudei minha rotina por causa dela. Todos os dias, bem antes do sol nascer eu abro esta janela e acesso um mundo ainda maior que a rede mundial de computadores. A cultura oriental abriu essa janela muito antes do que a ocidental, o que pode ser notado nos costumes, na alimentação, no perfil religioso e agora na crescente supremacia das nações asiáticas no cenário mundial.

A janela interior dá acesso às outras dimensões do nosso viver. Foi de lá que viemos! E para lá voltaremos, pois nosso habitat atual é provisório, impermanente, precário, ou, como no dizer do Mestre: "Estamos aqui não por acaso, mas de passagem". Ao abrir esta janela encontramos alguém que nos conhece muito bem. Foi por decisão dele que chegamos até aqui. Ambos dependemos desta estada para que o conjunto alcance seus objetivos: liberdade, evolução e felicidade!

Nosso eu interior, que habita o território que esta janela esconde, deseja que ela se abra, permitindo nossa entrada no mundo real, na verdade espiritual da vida, para juntos, daí em diante, seguirmos o caminho da iluminação, da compreensão, do entendimento, da compaixão, da tolerância, da liberdade, da evolução, da felicidade...do amor!

TaVar

27 março 2011

Cheiro de novo, ou será gosto?


Tem coisa melhor do que cheiro de coisa nova? Até sapato, quando é novo, tem cheiro bom!
Talvez a sensação, aquilo que percebemos com relação ao novo, venha num pacote, onde o cheiro é apenas uma das aparências, mas presente em todas as situações.

O novo é sempre um mistério, que vem embrulhado na perspectiva que o Universo desenha a partir de nossas escolhas passadas, embora o vejamos sempre com surpresa, como se desconectado de nossa vontade.

Visto como intruso, muitas vezes a novidade acaba por gerar ansiedade, insegurança e medo. Esta reação é muitas vezes responsável pela manutenção do velho em nossas vidas. Tudo aquilo que precisamos reciclar, jogar fora...transmutar, fica morando em nossa mente, por medo de permitir a entrada do desconhecido novo, este sujeito misterioso que ameaça trocar tudo de lugar.

Quando bem recepcionado e compreendido o novo inaugura um caminho que desemboca noutro, que mostra uma nova perspectiva que muda tudo e, quando percebemos, não somos a mesma pessoa. Nossa trajetória sofreu uma alteração tal que, jamais faremos o que fizemos. Nunca mais seremos o mesmo ser humano! Essa evolução dá sentido à vida!

Entrar nessa corrente significa orientar nossas esperanças em direção aos sonhos mais desejados, experimentando, degustando esse sabor novo que o depois nos oferece. Sem dúvidas, sem medos, sem preconceitos, apenas com respeito ao antes, pois ele é parte importante do caminho. Foi nele que escolhemos o agora.

Hoje despertei de uma noite intensamente vivida, de um sono profundo, que trouxe para a claridade do dia um sonho de mudança decisiva. Não aquelas mudanças que alteram parte do cenário. Falo daquelas que substituem o teatro aonde o enredo da vida vai se apresentar.

O vento que entra pela janela do meu quarto, onde escrevo o que você está lendo agora, traz o cheiro desta expectativa e talvez até uma canção que ouço. É mais que cheiro: é gosto!

TaVar


25 março 2011

Flores


Hoje vou falar de flores! Das flores mais coloridas, das mais belas e das mais inacessíveis. Mas falarei também das flores mais queridas, das mais desejadas e das mais temidas.

Você já tentou descobrir porque as mulheres gostam tanto de flores? É por causa da Lei da Atração! Ela, a lei, nos revelou, depois de séculos de ignorância, que são os semelhantes que se atraem.

A flor é delicada, cheirosa, suave, formosa... romântica! Conhece algo assim?

Já parou para pensar porque as mulheres derramam lágrimas com freqüência, e porque saem do pranto renovadas para a vida? Como se a fronteira emocional do lamúrio produzisse a energia necessária para construir o sorriso úmido e encantador, a seguir. Se quiser entender, observe as flores ao amanhecer...o orvalho que rola pelas meigas faces das pétalas róseas, indicando, da maneira mais bela, a seqüência da vida, através do dia, que desperta.

Tanto uma como outra são fenômenos da natureza, grandiosos feitos da Divindade, brotados do auge de sua criatividade, para trazer ao mundo o equilíbrio, por meio da perfeição, do encanto e da beleza. Mesmo quando escondidas, inacessíveis, camufladas pelas folhas...ou pelas vestes, deixam no ar as imagens, silhuetas imaginárias da formosa perfeição.

Como tudo na vida, há as que são temidas, mulheres e flores. Dizem horrores delas. Seriam carnívoras, assassinas, infiéis, feias e mal cheirosas. Confesso que não conheço nenhuma, mas, o que seria de uma crônica sem um pouco de ficção?

Um bonito dia, com a fragrância das flores, para todos os leitores.

TaVar

13 março 2011

Realizações


Numa época de muita produção de conteúdo independente e a propagação instantânea e global de todo o tipo de informação, é bom não se esquecer de uma diferença aparentemente pequena entre dois conceitos, mas de absoluta importância e definidoras consequências no processo de crescimento espiritual dos seres humanos.

As realizações espiritualistas promovem a possibilidade de amplo conhecimento, pela divulgação de ideias, experiências e ao dar visibilidade à um novo tipo de visão de fatos antigos, assim como ao tornar conhecidos indivíduos e instituições, que pesquisam, estudam, meditam e divulgam aquele conhecimento em livros, nos meios eletrônicos, na internet, em apresentações com presença física, etc.

As realizações espirituais ocorrem num outro palco e nele só atua um personagem. Na platéia apenas um assistente. A divina configuração do momento sagrado da criação espiritual coloca frente a frente alma e homem, num enredo que vai alterar o Universo com a interação de suas experiências, atualizando o ser único, agora mais evoluído, mais harmônico e mais feliz.

As realizações espiritualistas são comandadas pelo ego, necessitam de platéias lotadas, audiência de assistentes, leitores, telespectadores, internautas... crentes! As espirituais apenas são!

Nada contra a divulgação das mais diferentes manifestações de espiritualidade, pois são legítimas e necessárias. Mas a divulgação e leitura de livros sobre o assunto, a participação em comunidades afins, a própria impostação pessoal e a defesa dos preceitos místicos, assim como a participação em rituais de cunho espiritualista, embora louváveis, não geram Luz.

A suplantação do ego, com o aquietamento do ser físico e o encontro com nossa metade superior é uma realização espiritual. Jamais voltamos iguais desse tipo de experiência. Ao abrir mão do ego e permitir a comunicação entre nossas instâncias, estamos evoluindo em direção à descoberta de quem somos e do que estamos fazendo aqui, neste momento.

Enviar amor, luz, sentimentos de compaixão e tolerância são realizações espirituais, embora não dêem ibope. Ter fé é uma experiência espiritual. A fé é! E ponto. 

TaVar

08 março 2011

Espiritualidade & Negócios


O crescimento econômico da Índia traz para o cenário mundial um novo perfil de homem de negócios. São empresários e executivos com costumes muito diferentes dos seus colegas ocidentais. Nascidos e crescidos num meio cultural onde a religião tem presença forte no dia-a-dia de todos os habitantes, esses profissionais vêm para o mercado com os atributos da introspecção, simplicidade e foco na intuição, sem abrir mão do conhecimento científico.

Segundo a Revista Forbes, 2014 marcará a ascensão do bilionário indiano Mukesh Ambani (foto) à condição de homem mais rico do planeta, posição hoje ocupada por Carlos Slim, mexicano dono da Claro, entre outras companhias. Ambani, de 53 anos, é dono de um império industrial, mas, de origem simples e fiel às raízes indianas, muitas vezes comparado a Gandhi. É vegetariano, não consome bebidas alcóolicas e medita sempre antes de começar suas atividades diárias. O "Rei dos Commodities", como é conhecido, deverá, dentro de três anos, ser possuidor de uma fortuna de U$ 62 bilhões, segundo previsão da revista especializada.

É cada dia mais comum encontrarmos empresas que apóiam e as vezes até difundem práticas espiritualistas entre seus funcionários, mirando maior produtividade e bom ambiente de trabalho. Algumas, inclusive, criando espaços para a prática da meditação em intervalos de trabalho, conscientes do aumento da performance dos trabalhadores a partir de momentos de relaxamento e silêncio interior.

O ocidente começa a valorizar as práticas milenares dos orientais, copiando o foco no desenvolvimento humano através da espiritualidade, o que também ocorre lá, mas em via transversa, ou seja, em relação ao desenvolvimento material, baseado no binômio ciência/capital praticado no mundo ocidental e que trouxe novos parâmetros de conforto, saúde e lazer.

A verdade, como sempre, deve estar no meio dos extremos da busca humana por um conjunto de valores que apontem para a liberdade, evolução e felicidade. E assim, temos mais um subproduto da globalização, efeito que aproximou diferentes culturas, colocando no palco mundial diversos enredos da vida, para uma assistência de seis bilhões de pessoas.

TaVar

07 março 2011

A consciência e as rotas de fuga

Eram 2h da madrugada, mas parecia dia na avenida da folia! O som, as luzes, as ansiedades e os exageros decoravam a noite, meio constrangida pela súbita invasão carnavalesca.

O ser externo é craque nas rotas de fuga da consciência, por não encontrar respostas às suas perguntas em frente ao espelho. Assim, a droga, o álcool, e os demais desvios que o levam para longe de si, entre eles a farra carnavalesca, são rotas freqüentes utilizadas pelo ser humano para desencontrar-se de suas questões.

O hábito do fumo tem seu início ligado a essa questão. É só acender um cigarro cada vez que a consciência quiser acordar. E assim vamos rolando e enrolando nossa vida, colocando a felicidade, nosso objetivo primeiro, num local cada vez mais distante de alcançar, trocando a busca consciente e progressiva do bem estar por momentos fugazes de falsa alegria.

O que denuncia a impropriedade do encurtamento do caminho é a ressaca que chega para brindar o dia seguinte, prova irrefutável do equívoco na escolha da companhia.

Já, se "nos escolhermos" como a avenida onde desfilará o primeiro grupo das questões mais importantes para alcançar a liberdade, a evolução e a felicidade, encontraremos no dia seguinte a seqüência do caminho que nos levará às nossas perguntas atuais. É meio caminho andado - obrigatório - para chegar às respostas.

Este processo eleva nosso nível de consciência e cada vez mais podemos abrir mão das pseudo-soluções que entorpecem nosso mecanismo de escolha intuitiva e escondem as sutilezas das sincronicidades que podem nos levar adiante.

Isso feito, nada mais nos tirará o sono, nem mesmo o som estridente do trio elétrico faceiro, que disputa o protagonismo da noite enfeitada com todas as outras atrações carnavalescas presentes. Nem mesmo a participação física efetiva nas consideradas rotas de fuga constituiria atraso no progresso do iniciante nos fundamentos do Eu, desde que consciente da transitoriedade e do caráter supérfluo do evento.

TaVar

* Crônica de 14/02/2010, republicada a pedido