10 dezembro 2009

Desafio do Desequilíbrio III

Dei esse nome a uma difícil decisão que tomei há algum tempo atrás. O equilíbrio era a vida focada no Ser Interior, que eu levava à época, deixando ao externo pouco espaço, a ponto de relegar à quase indiferença o lado social e a companhia feminina.

Vivia meu mundo meditativo, meu trabalho e meus filhos. Eu sabia que era uma fase temporária, e que em algum momento iria desestabilizar esse status quo, na tentativa de ampliar minha experiência de vida nesta existência, mas aconteceria somente quando esse novo conjunto de coisas redundasse em equilíbrio.

O desequilíbrio natural, que se impõe por força de alterações importantes no modo de vida, era o agente desafiador. Com a percepção de que se aproximava o símbolo destas mudanças, a mulher que colocaria as teorias do estudante de espiritualidade à prova, forjei a emblemática expressão, para demarcar o terreno sobre o qual caminharia meus novos dias.

Aquela não era uma aproximação comum. Tudo conspirava para dois grandes acontecimentos terem vez, a partir dela. Além do reencontro dessas duas metades, os pilares de uma obra da grandeza que apenas as almas criam podiam deixar a prancheta do etéreo e vir habitar o mundo da matéria. Entretanto, em vez de tudo isso, o livre arbítrio votou por um final diferente, para mais esse enredo da vida, descosturando a cabala planejada por Aquele que tudo sabe.

Todavia, a dinâmica da criação persegue o feito, mirando a frente, tirando o foco do desfeito. Talvez daí surjam mais de dois eventos, agora que os pólos por si só criam novos desfechos que consagrarão seu fado.

Ficam saudade, gratidão, respeito, amor... e destemor, pois o medo (desafio) foi enfrentado.

TaVar

4 comentários:

Denise disse...

Superada a emoção provocada pelo teu gesto, sinto-me pronta para pronunciar-me.

Penso que caminhamos os novos dias com a natural presença da doce expectativa que paira no início de toda nova jornada. Era a manifestação do novo no alvorecer dos anos prateados da nossa ainda jovem existência, carregando a essência do sonho acalentado não se sabe desde quando, mas que apresentou-se para existir.
Os passos iniciais da caminhada, geralmente os que se mostram em maior desalinho, costuraram um entendimento crescente, amparados que estavam pelo desejo do sonho; libertos do pudor que inibe a construção de relacionamentos harmoniosos. Aos poucos a edificação foi ficando visível, apoiada na base de um sentimento que permitia a livre passagem do afeto, do cuidado, do desejo, do carinho e da palavra. O caminho era rico em trechos receptivos por onde trafegaram as mais raras e encantadoras emoções. A comunicação ultrapassou a esfera verbal, entrelaçada com sentimentos maiores do que ousou supor qualquer tímida percepção humana.
De repente tudo que havia não cabia na distância que envolvia os dois corações, tornando urgente alguma cisão desse distanciamento físico. Nada poderia ser desfeito com mais urgência do que a distância que aumentava tudo e abrigava a saudade que exalava o sentimento que nutriam, no dia-a-dia da janela luminosa que emitia o som inclusive dos ecos cujos vazios nada preenchia. A surpresa da decisão foi superada e imediatamente substituída pelo frenesi e alegria que deram lugar aos preparativos da mudança iminente.
Ainda está um tanto fora de foco a percepção acerca desse eixo em torno do qual gravitam os acontecimentos dos últimos meses. É uma simbiose que oscila entre o divino e o cruel, numa dança frenética de emoções entre pólos tão extremados quanto comoventes, confundindo a rota que parecia de traçado perfeito.
A continuidade dos dias desertos da presença física - penso que para ambos - assegura a retomada gradual da vida, que não pode exilar-se, porém, de caráter inoperante segue cuidadosa e observadora. Saudosa, mas criadora pelas escolhas feitas que a direcionam para rumos paralelos, talvez, desmembrando eventos além dos prescritos por Aquele que tudo sabe. Muito provavelmente, Ele próprio já houvesse tecido possibilidades múltiplas para o caso da ruptura de seu alinhavo primeiro. E mais, somos sabedores de que, se porventura nessa direção modificada pelo livre arbítrio, habite o esplendor da obra das duas metades, e esteja à espera da delicada chegada, esse caminho será percorrido. Talvez (ok, arrisco o "certamente"...rs)desafios novos permeiem esses passos...preparado?..rsrsrs
Enquanto esse Seu tempo não chegue, ficam sim saudade, gratidão, respeito, amor...e a amizade consentida pelo mútuo bem querer.

Bjo carinhoso pra ti, meu Marujo querido.

Lenita Nabais disse...

Excelente mensagem...escrita no dia dos meus anos! Abraço de LUZ*********************************

Taddeu Vargas disse...

Oi Lenita, muito obrigado pela passagem pelo meu blog. Parabéns pelo seu aniversário, mesmo que tardiamente. Abração e volte sempre.

Anônimo disse...

Nao tenho bagagem cultural ou de conhecimento para contestar nada, para avaliar nada. Apenas sinto. E verbalizo atraves dessa escrita, que voce de alguam forma teve coragem para enfrentar teu medo de sair do teu mundo quase perfeito, criado pelo teu interior estado meditativo-contemplativo, para ousar deixar que uma materializacao externa - a mulher - o tirasse do seu torpor perfeito e equilibrado. Voce navegou marinheiro. Se nao aportou onde queria, talvez nao fosse a hora do desembarque, a condicao do tempo, o lugar correto. Enfoque sempre o lado positivo. E tudo tem sua continuidade, estamos sempre em evolucao. Gosto das suas viagens, e hoje estou navegando pelos teus sonhos; mergulhando e a palavra mais adequada.