28 dezembro 2008

Textos Escolhidos (2)

A escuridão da noite começava a ser abrandada por um ameaço de clarão, que se formava sempre no horizonte descampado, quando meus sonhos de criança eram atropelados por conversas e barulhos vindos do lado de nossa pequena casa de madeira. Os sons, que no princípio embalavam as viagens da minha alma, e que ao final acabavam por me despertar, procediam de um galpão agrícola, onde trabalhadores da lavoura de arroz de meu pai, preparavam-se para mais um dia de trabalho. De lá também partiam os aromas de madeira queimada, e do café sendo preparado nas cambonas.
Nossa rústica e humilde morada de três peças, que dividíamos, eu, minha irmã e meus pais, era grande na minha visão de criança, e meu universo familiar perfeito. As pessoas que compartilhavam comigo esse período da minha vida, formavam o tripé de sustentação da minha existência. Delas eu recebia, além das necessidades básicas, a energia que me realizava e fazia de minha vida pura felicidade.
A união e integridade de nosso pequeno grupo familiar, que perdura até o momento em que escrevo esse texto, davam seus primeiros passos. As interações energéticas, que resultariam na construção dos meus valores e de meu perfil emocional estavam em curso, num ambiente de parcos recursos materiais, mas abundante em carinho, harmonia e exemplos.
taddeu vargas

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