16 abril 2007

A Cidade, o Pôr do Sol e a Páscoa.



Os sinos repicaram incontáveis vezes anunciando os preparativos para a missa do sábado de aleluia. Eram 19h48min...a morte já tinha ocorrido...e a vida ainda não tinha chegado! Quando saí na sacada vi o brilho da escuridão do início de noite da Porto Alegre outonal. Linda, cheirosa e maravilhosamente iluminada a monumental capital do meu Rio Grande. A lua e as estrelas que banham com sua luz esse pedaço de mundo são cúmplices dessa beleza noturna; fazem parte da imagem negro-dourada que abriga e conforta mais de um milhão de privilegiadas almas, oriundas de muitos rincões. Outro dia uma colega de ônibus da escola falava: "...trânsito horrível, cidade violenta, mal cheirosa, barulhenta...". E ela ouve calada. Ela, que é tão quieta; tão agredida pelos disparos que absorve, pelos dejetos que engole e ainda pisoteada pelos deslocamentos dos homens e suas máquinas. Mesmo assim acorda sorrindo, recuperada pela tregua imposta pelo sono dos habitantes, e passa o dia se ofertando aos viventes, que a usam como se dela nunca mais fossem necessitar...e ainda assim, quando a noite ameaça chegar, entrega a eles um sonho de imagem que o rio e o sol constroem, parceiros numa homenagem silenciosa e infinitamente bela e ensinando que o a morte... é a parte mais nobre da trajetória da vida.
taddeu vargas

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